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  • O lazer como uma oportunidade para recriar marcas

    Abrindo da melhor forma o novo ano, juntou-se na “Embaixada”, no Príncipe Real, a comunidade do C-The Consumer Intelligence Lab para partilha dos resultados da sua última investigação sobre Lazer. Novamente, a escolha do local trouxe carga simbólica. A Embaixada não é só um invulgar espaço comercial situado num dos locais mais cosmopolitas da cidade; é uma expressão de liberdade, na forma e no conteúdo. Encaixou, por isso, como luva no tema.

    O exercício da liberdade é o princípio unificador de toda a nossa investigação. À entrada deste novo tempo, observamos uma sociedade que, estando constrangida a um cenário macro austero, reclama a liberdade de movimentos no pequeno espaço de escolha que lhe resta; observamos uma sociedade submersa em obrigações, que encontra no lazer a latitude para explorar novas formas de aspiração e afirmação; nele, os pequenos projectos, os fazeres, as aprendizagens pessoais, os espaços de sociabilização ganham novos propósitos e significado.

    A esfera do lazer ganha relevância na vida dos consumidores também porque se oferece em toda uma nova diversidade, em múltiplas possibilidades. Há cada vez mais peças que se podem jogar; há cada vez mais possibilidades de encaixe entre aquilo que motiva cada um e o que lhe é permitido fazer. Há cada vez mais formas de ir encontrando no lazer pontos de compensação e equilíbrio. Esta hiper-estimulação da oferta produz-se a vários níveis – nas novas tecnologias, nas novas infra-estruturas urbanas, nos eventos culturais e desportivos e em toda a panóplia de propostas que conferem maior cor e dinamismo ao palco do lazer. As marcas não são naturalmente alheias a esta nova sedução do lazer: também elas têm investido recursos para proporcionar mais e melhores experiências aos portugueses. Os festivais, as maratonas, as grandes festas são esforços das marcas não só bem acolhidos, como reconhecidamente meritórios por parte dos consumidores.

    A ligação das marcas a esta dimensão da vida encerra, finalmente, uma oportunidade para apurar a sua própria “entidade”: mais do que se colarem ao lazer, as marcas podem recriar-se através dele. Tal como os indivíduos, as marcas não estão pré-destinadas a uma essência ou a um determinado círculo de acção e comportamento. Podem e devem, por isso, adoptar do consumidor o mesmo impulso existencialista, refazendo-se em liberdade.